Tu, um passado.





    Sabes, hoje estou aqui porque senti necessidade de dizer adeus. Adeus a nós, àqueles tempos que a nós pertenceram. Mas, estou aqui principalmente para dizer adeus ao meu "eu" quando estou contigo. Este "eu" já foi, desde que nós fomos. Não vou mentir e dizer que não senti ou que não sinto saudades de nós, mas tenho sentido que prefiro-me a mim, muito mais, agora. É verdade! Agora posso sorrir sem vergonhas, deitar a cabeça na almofada e não temer acordar com mais uma má noticia, das tantas que me fizeste ter. Daquelas que bem conheces, das que me faziam chorar e repetidamente perdoar-te. Há quem diga que fui burra, estúpida e mais alguma coisa, por todas as vezes que recuei para nós. Eu compreendo, mas quero que percebam que eu amava-te, de verdade. Não era fácil aceitar o que fazias, mas mais difícil era aceitar perder-te. Tinha medo de não sentir mais o teu calor, o teu cheiro, ouvir as tuas asneiras. Hoje em dia tenho medo é de o querer voltar a fazer. Eu não quero. Tenho medo de querer. Mas luto com as minhas forças para que nunca mais haja um nós. Sabes porquê? Talvez porque me sinta realmente feliz. Sabes mais uma coisa? Eu consigo valorizar-me sozinha, percebi isso agora. Não preciso mais de esperar por um elogio teu, e sinceramente quando me lembro deles e, simultaneamente, das tuas atitudes, vejo que não batiam certas. Elogiavas e magoavas-me. O que pode haver de bom aqui? Nem tu me saberás responder. Acho que as tuas capacidades de bondade e respeito estão escassas. E, nem quero que as esgotes comigo. Não vale a pena. Aproveita-as para quando amares muito alguém, daquela maneira que nem os maiores erros vos separam. Aí irás precisar delas para te dares ao respeito, coisa que muitas vezes não tive por mim própria, por te amar. E de um pouco de bondade, que tive pouca comigo por te aceitar sempre de volta. A minha bondade foi gasta contigo, não comigo. Fui bondosa sempre que me magoavas, dava-te sempre o meu ombro "amigo" depois de todas as vezes veres que eu era a mulher que realmente querias, mas que não tinhas capacidade para ter. 

    Nunca te apercebeste? O problema não era eu. O problema era não conseguires acreditar que conseguirias ter alguém como eu. Então todas as vezes tentavas estar com alguém de "categoria abaixo". Mas, todas as vezes vias que na verdade querias-me a mim. Não tiveste força para que eu fosse tua. A culpa não foi minha. Nem nossa. Mas, não quero dizer que foi tua. Vamos dizer que foi da tua incapacidade, não de amar, mas de me ter. Essa capacidade nunca terás. Agora sei disso. No fim de tudo, eu é que tenho culpa. Depois de todos os teus erros, eu é que voltei sempre. Eu iludi-te ao ponto de acreditares que sempre que voltava era porque acreditava que vinhas mais homem, com mais força para me teres. Desculpa. Falhaste sempre. Então eu falhei por não ter posto um ponto final na tua esperança que seria, logicamente, mal sucedida.

    Por isso, quero que seja feliz. Mas que descubras verdadeiramente a felicidade e que, para cresceres, ela seja difícil de atingires. Só assim irás ser mais e melhor. Só assim irás valorizar o amor. Porque no fundo, descobri que tu me amaste, só não te amaste a ti. Sabes porquê? Porque se eu tivesse na minha vida alguém como eu, eu amaria tanto que ficaria com esta pessoa para sempre. Não te amaste, deixaste-me. 


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