Nunca desconfies que nunca o serás
Se bem me disseram, em tempos, eu deveria ser aquilo que meu corpo é. Deveria seguir-me pelas regras e linhas que desenharam para mim. Eu sou um desenho, mas sinto-me um esboço.
Não seriam estas as formas que eu escolheria, não era esta a minha ideia... O meu grande plano.
Não me deram hipóteses de escolher, calaram-me dentro do meu próprio mundo, para que eu nem pudesse contar o que tinha em mente para a minha vida. Fecharam todas as cortinas para que ninguém me pudesse ver!
Fui sempre parado, pelo meu criador, pelos meus companheiros de viagem. Fui sempre deixado de parte. Tentei desabrochar, mas tudo o que consegui foi um nada em um todo. Simplesmente não consegui.
Pensei em elevar-me perante críticas, preconceitos e opiniões pouco formadas mas o que consegui foi mais guerra comigo mesmo. Ninguém aceita que dentro de um leão esteja uma rosa delicada, ninguém aceita que dentro de um jarro não esteja uma flor mas apenas terra batida. Ninguém aceita o que não é igual.
Apercebi-me disso à tempos. Pelas voltas que dei em torno de ti, de nós. Apercebi-me que afinal eu estou aqui, firme. Entrando em guerras com os outros , porque eu já me aceitei. Eu sei quem sou e o que quero. Será que tu sabes?
E sim, é nesta roda que nos debruçamos os dois, fingindo que não sentimos o que sentimos. Eu quero sentir, admito! Mas ando às voltas tentando fazer-te compreender que as tuas formas não te definem. Deixa-me mostrar-te a forma do meu amor, vais entender e conseguir apreciar o que és. Deixa-te seres meu.
Deixa que esta roda, que por mais que rode, não nos leve ao mesmo sítio...deixa que ela nos faça felizes. Deixa que ela nos tire desta confusão que vivemos. Quero-te. Se não te querem assim, quando te vão querer? Se não aceitam-te assim, irás continuar a fingir? A permanecer este ser que não és? Aceito-te assim, tal como és. Tal como quero que sejas, para mim, só para mim.
Liberta-te dos pensamentos dos outros. Mas não te libertes de mim.
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