Várias vidas, dois olhos fechados.



     Quando a luz se apaga, os olhos se fecham. Desligam-se os comandos conscientes. Imagens do que quero ou do que temo aparecem. Eu sou rica, eu sou pobre, sou tudo num nada, num tudo sou nada. Consigo voar, preciso fugir. Não sei nadar, estou prestes a afundar. Hoje sou um animal, ou talvez, vejo apenas um animal? Tudo inconsciente, tudo inocente. 
      Abro um olho, e isto acaba, fecho um olho e outra vida recomeça. Agora o que sou? Não compreendo! De manhã nem me lembro. Mas sei que fui algo, diferente do que sou. Espera! Surgiu uma imagem, mas não me lembro de mais nada. 
      Lá estou eu, de novo  a mergulhar, sem água no mar. Quebro uma perna mas consigo correr. Vejo quem nunca mais vi. Sinto quem nunca mais senti. Sorri e chorei, acordei e limpei, lágrimas que caíram e que eu deixei de verdade correr. 
     Acordo chocada, não queria que fosse um sonho. Acabei por me magoar. Fecho os olhos para de novo voltar a sonhar. Acordei e nada sonhei, foi em vão que me deitei. Penso o dia todo, numa simbologia agradável, revejo-me na minha alegria, e relembro-me da agonia que é o acordar.
    Se sonho com um terror, acordo nervosa, mas quero voltar para o filme de horror! Quando sonho com um amor, acordo cheia de cor. Porém se sonho com uma dor, sinto-me sem valor. Mas, se sonho com quem já cá não está, não quero mais acordar e ficar por lá.
     Eu quero dormir, para voltar a sorrir, se por acaso chorar de certo nada há de me matar. No sonho eu mando, quando a cabeça quer, ás vezes sou tanto que não cabo nele até. Mas eu vou agora, agora mesmo sem sequer pensar, tentar dormir para com o bom da vida imaginar. E se eu acordar, espero que contigo não estivesse eu a sonhar.

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