Diário de uma pessoa diferente (N.2)

Mais uma página de história de um alguém que eu desconhecia, mas que fiquei a conhecer por uma unica página solta, do seu diário.

  
Coimbra, 16 de Novembro de 1344

   Querido diário hoje é um dia muito infeliz para mim, fui nesciamente exilada! Estou indignada com esta situação toda! Ser afastada do sitio aonde moro, das pessoas de quem gosto, por ter muito amor para dar?! Isto é normal? Em que mundo vivo eu?!
   Ter todo o meu coração entrelaçado no coração daquele meu grande amor é algo bom de se sentir, pelo menos para nós. Eles não aceitam este afeto que sentimos involuntariamente. Como se nós tivéssemos culpa de o fazer... Não sei se por ingenuidade ou por tanta malvadez a gente desta terra não aceita este romance. Não aceita o que não lhes cabe, a eles, aceitar.
    Pergunto-me tanta vez, se já não ficam satisfeitos com aquele filho legitimo de uma noite sem amor... Já têm o herdeiro tão pretendido. A mulher já faleceu. Ele não quis a outra. Quer-me a mim... 
    Basta! Eu queria fugir, mas as obrigações dele o forçam a ficar. Meu amado Pedro, tanto que o amo. Aí! Que me dói a alma a cada minuto que passa. O que faço? Espero-o aqui? Vou esperar como sempre, senão sou expulsa da vida, não por mãos de Deus. Serei julgada pelo julgador mais pequeno que se vê como o maior... o Homem.
    Querido diário, eu tenho que acabar de escrever por hoje, neste quarto não sou abençoada com a luz do dia, nem tenho a luz criada por nós. Amanha volto, para mais perguntas sem respostas. 

Inês de Castro.






Nota: Este texto como todos os outros expostos neste blog são da autoria de Cátia Martins. Têm todos os direitos reservados.

   

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