Dedicado


Um dia mais tarde vai acontecer
Um dia mais tarde eu vou ser
Se de mim não ocorre já mais magia
Pois que vença de mim a sabedoria.

Irei erguer a cabeça
Não hoje, mas tarde!
Com o juntar de cada peça
Lá chegarei sem ser cobarde!

Se as saudades que o vento me traz
Te fizessem voltar, avó
Nem sabes a falta que faz
aquele teu cheiro, a saudade me dá um nó!

Não estou inspirada
Mas de mim palavra sai
Pois a voz não fica parada
Na ausência que nunca se vai

Tive sorriso de criança
Maroto e sem confiança
Agora que te foste perco a aliança
De tudo aquilo que chamo infância

Pergunto-me na noite abandonada
Onde foi a minha avó!
Aquela que chamo de amada
Por te amar tanto que dá dó

Vejo-me distante
Daquilo que chamava vida!
Sou prisioneira constante
De teu amor avó querida!

Das lágrimas que me correm
Eu não as quero aguentar
Desejo que elas me afoguem
Para mais um dia te beijar!

Saudades são pensamentos
Das alegrias que me deste
Tristezas não trazem contentamentos
Pois as deixo bem a leste!

Lembro-me de tudo
Como fosse um diário
Sinto-me num mundo mudo
Onde o homem é ordinário!

Não posso nem devo chorar
Pois a vida quer me a sorrir
A cara sabe enganar
Mas o coração só sabe sentir

Abre a porta do céu
Para que eu possa entrar
No teu leito sobre o teu véu
Avó eu vou me agarrar!

Inspira-me o coração
Pois quero explodir
Com toda a emoção
Que a tua ausência faz me sentir!





Nota: Elaborado por Cátia Martins, dedicado a Natália Cordeiro.

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